quinta-feira, 3 de maio de 2007

Necessidade do silicone

A imagem realmente é tudo? Todos os dias, vários tipos de mídia apresentam mulheres esculturais, sendo que a maioria passou por pelo menos uma intervenção cirúrgica. Em Janeiro a notícia de que a modelo capixaba Sheyla de Almeida havia passado por mais de 14 cirurgias, para ter os maiores seios de silicone do Brasil, apareceu em várias publicações e reacendeu a discussão do que é realmente bonito numa mulher.

No carnaval as siliconadas tomaram conta da passarela, passista conhecidas e desconhecidas, apresentaram ao público litros e litros do mateial. No livro do escritor colombiano Gustavo Bolívar Moreno, Sin Tetas no hay paraíso, é relatada a busca enlouquecida do recauchutamento dos seios.

O autor conta a história de Catalína, uma jovem de 17 anos que vivia em um bairro humilde na cidade de Pereira, na Colômbia. E que vê suas amigas Jéssica, Paola e Ximena melhorando seu estilo de vida, alimentando seus familiares e transformando seus corpos em troca de favores sexuais para os narcotraficantes Colômbianos.

Mesmo tendo um noivo, Catalína acredita que apenas aumentando o tamanho de seus seios possa conquistar benfeitorias para seus familiares e encontrar a ascenção. Mesmo tendo um noivo, Albierto, que a enchia de amor e de presentes, Catalína seguiu tentando se prostituir para alcançar seu único objetivo na vida, um silicone. Mas nunca conseguia, o único bem "preciso" que tinha que poderia auxilia-lá era sua virgindade, mas enganada pela inocência de sua pouca idade, a protagonista desta triste história, acabou enganada pelos "soldados" dos narcotraficantes e acabou sendo violentada e perdendo sua "virgindade por nada", ou melhor por um filho que acabou sendo abortado.

Depois de muito sofrimento, Catalína, conseguiu sua tão sonhada prótese, a troco de favores sexuais a um médico nada ético. Só que a prótese já havia sido usada e ela acabou novamente em uma sala de cirurgia para retira-las. Com toda a sua meninice Catalína desesperou-se e depois de poucos meses colocou outra prótese, maior, pois acreditava que sem ela nunca conseguiria prosperar. O problema apareceu semanas mais tarde quando as "novas" próteses de Catalina se transformaram em uma só, estas são apenas pequenas partes da narrativa muito bem desenvolvida por Boliva para apresentar toda a trajetória desta da jovem que acaba com final trágico, por o buscar um sonho de ser mais uma vitrine ambulante dos patrodões de estética.

Durante a instigante leitura, rica em detalhes, Bolívar revela a trajetória da protagonista e leva seus leitores a se vivenciar um pouco do dia-a-dia da personagem. No final fica a pergunta, será que a trajetória de Catalína realmente valeu a pena? E a vida da capixaba Sheyla de Almeida e seus 1,2 mil ml valem a pena?

A mulher é bonita por natureza, padrões estéticos podem existir sim, mas não se consolidar da maneira como é está hoje. Em editoriais de moda, revista de fofoca é comum encontrar notícias relacionadas a esse tipo de assunto, como a atriz tal foi ao médico para colocar prótese, para aumentar prótese e etc. Instigando cada vez mais meninas, com a de Bolívar, a buscar dinheiro suficiente para realizar o fútil sonho de um par de seios grandes. Infelizmente o modismo está presente em vários aspectos estéticos e cria todos os dias vários tipos de ditadura. A ditadura economia, ditadura da magreza, ditadura da moda e a ditadura do SILICONE.

http://www.overmundo.com.br/overblog/necessidade-do-silicone

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