quinta-feira, 24 de abril de 2014

Adeus

Deitada no sofá já se despedindo de momentos mágicos, querendo guardar cada segundo vivido dentro da mente, refletindo sobre tudo o que passou e os riscos que viverá ao se entregar daquele jeito e em tão poucos dias, não queria acreditar que poucos minutos subsequentes lhe separavam da realidade.
De tempos em tempos os olhares se cruzavam e o pensamento lhe consumia: "será que ele pensa a mesma coisa, acho que não?"
Na sua cabeça o pensamento era só um. Já viverá aquela expectativa de rever alguém que mora longe e depois de desenhar várias vezes os momentos posteriores de dias tão bons, nunca o reencontro era tão bom como os primeiros dias vividos. Apenas a loucura na sua cabeça era boa.
A memória de beijos salpicados entre uma conversa e outra ainda estava quente naquele momento enquanto deitada no sofá afagava-lhe as mãos. Tentava decorar seus traços enquanto o assistia divagar sobre o futuro, comentar um vídeo ou simplesmente rir de alguma coisa que os amigos lhe falavam.
Estava absorta em seus pensamentos terríveis de um adeus ou na falta de datas de um reencontro, enquanto assistia inerte toda aquela cena como espectadora do momento e nesse mesmo tempo se crucificando por escolhas que ainda seria obrigada a fazer e as quais ele sem saber a ajudará.
Foram poucos minutos deitada antes de entrar em um carro e tortuosamente remoer sobre a volta a rotina, sabendo que sofreria com a falta de seus beijos, do calor do seu corpo, e sabendo que a cada sms da operadora de celular lembraria dele.
Afinal, nos poucos dias juntos, poucas coisas ficaram de suspense para mensagens de saudades ou vontades que ainda não haviam sido concretizadas.
Levantar daquele aconchego foi extenuante. Sentiu que um pedaço de um sentimento, aquele que tanto podou para que não crescesse e invadisse a alma, ficará ali deitado para deixar parte sua ao seu lado.
No quarto, enquanto pegava o resto de suas coisas para a viagem de volta a surpresa de um bom um abraço e uma promessa: "Não se trata de um adeus, quero deixar claro!" Dentro de sua cabeça respondeu, "duvido"
Duvidará e continua duvidando. Apesar dos dias subsequentes terem sido regados de mensagens, sentia e sente que aos poucos tudo irá minguar. Insolentes os pensamentos que surrupiavam os toques no teclado que deveriam ser destinados a outros textos, mas que não paravam de lhe atormentar.
Mas ainda era atormentada pelo quanto daquele "não é adeus" deveria acreditar. Não ficaram datas, só ficaram sonhos e lembranças.
Depois destrinchando todos os momentos sabia que nada lhe havia prometido, a frase quero apenas a minha independência e outras pontuações que deixavam claros as vontades de falta de qualquer ato mais íntimos deixava apenas o óbvio. Aquele colo no sofá, o abraço surpresa dentro do quanto e o beijo antes de partir foram sim uma forma velada de dizer Adeus.

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