quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Esperando o próximo momento

Uma vez assistindo a um filme sobre uma garota doente ela descreveu que quando chegava em um hospital com dor os médicos pediam para que ela classificasse a dor entre zero e 10, ela nunca dizia 10, pois o guardava para um momento especial.
Eu nunca fiquei gravemente doente. Fiz uma cirurgia no pé por conta de um cisco, aos seis ou sete, que me rendeu uma cicatriz que amo e me impossibilitou de brincar por vários meses. Depois atingida por um menino no balanço que me rendeu a alguns pontos na cabeça. Esses foram os momentos que tive de ir ao médico e me deixaram com várias dores pelo corpo.
Todos os dias enfrentamos algum tipo de dor, as físicas para mim são geralmente por conta de problemas invariavelmente provocados pelas infernais cólicas mensais.
Tem as dores do trabalho, quando nos sentimos aquém do que nos propomos a fazer.
Tem as dores do coração! Há tempos havia decidido que não passaria mais por isso. A promessa foi feita durante uma noite em Araraquara, quando chorei por uma noite inteira por um amor que nem o mais poderoso mágico poderia ressuscitar.
Me debulhei em lágrimas exigindo à mim que colocasse o sorriso no rosto. Por conta das lágrimas não tinha vontade de acordar, não tinha vontade de viver, não tinha vontade de mais nada. Um especialista diria que tive sintomas clássicos de depressão.
Decidi que me transformaria em um monstro, daqueles que não amam ninguém e nem a si mesmo. Não daria chances ao destino para tamanha nova decepção.
Ano passado descobri um ser que destruiu essas muralhas, durante nossas conversas regadas com risadas voltei a acreditar que poderia valer a pena ter uma parceria. 
O monstro foi morto, dessa vez ressuscitou mais delicado, deixando as pessoas entrarem de mansinho, permanecer para depois irem embora. Sem raiva e sem tédio.
Com o tempo, esse jeito de fica quem quer, me transformou em outra pessoa. A garota cheia de segurança começou a ser substituída pelo tipo clássico da insegura. Tenho medo sim de me envolver. Olhe ao seu redor! Olhe como as pessoas estão se relacionando! 
Vivemos num mundo da facilidade difícil. Todo mundo quer alguém para partilhar os bons momentos, mas ninguém que perder a sensação de liberdade.

Não sou carcereira de ninguém, gosto de dividir momentos e não pessoas que estão comigo. Talvez esse seja mais um daqueles momentos para refletir e me transformar em uma nova pessoa. Isso só o tempo, senhor de tudo, irá dizer.

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