Logo quando acordei, vi uma série de postagens todas
seguidas pelas hashtags #souafavordavida, #deixanascer.
Mais uma vez a igreja está envolvida na questão não só de
planejamento familiar, como de saúde pública.
Saúde pública
sim, já que milhares de mulheres morrem todos os
dias por conta do aborto clandestino. São tantas que não existe estatística que
confiável sobre o tema, especialistas aponta que uma em cada cinco mulheres
brasileiras com até 40 anos já fizeram ao menos um aborto na vida. E nem todos
os casos que não deram certo chegam a grande mídia.
Eu sou a favor sim e a mulher que quiser fazer aborto terá
meu apoio e consolo. Já apoiei algumas vezes, não sei se faria caso ficasse
grávida do dia para a noite. Sei que não estando com uma pessoa confiável ou
dentro de um relacionamento, provavelmente contaria com o apoio dos meus pais
para definir o meu destino e do serzinho em desenvolvimento.
Provavelmente enfrentaria a questão como uma leoa e me
viraria para dar uma boa educação e colocar mais uma pessoa maluquinha e de bem
neste mundo cada vez mais nefasto. Mas e se eu decidisse interromper? Quem
poderia me recriminar? A religião? A legislação?
Não gosto nem de imaginar o trauma de uma mulher que tem nas
mãos a decisão de ter ou não ter uma criança. Imagine então se essa criança for
fruto de um abuso?
Sou a favor a vida sim! Sou a favor da nova legislação de
quando o homem não quer realizar um teste de DNA a Justiça automaticamente o
define como pai e já o responsabiliza pela ajuda financeira para a criança.
Sou a favor da vida, seja ela da mulher, seja ela da
criança. Afinal, já escrevi no Facebook, a legislação não muda a vida de quem é
favorecido financeiramente, nesses casos basta uma viagem ao EUA, por exemplo,
e a mulher terá um aborto com segurança.
A legislação muda a vida da mulher pobre, que já teve sete
ou oito filhos e não tem condições de ter mais um. Aquela que compra Citotec na
esquina e depois precisa de atendimento médico no SUS (Sistema Único de Saúde)
por conta de uma hemorragia.
Ninguém faz aborto por diversão, ninguém acorda e fala:
"vou engravidar para depois abortar". Ninguém! Está na hora da
religião parar de pautar a legislação de um país que se considera LAICO (que ou
aquele que não pertence ao clero nem a uma ordem religiosa; leigo).
Alguém já disse uma vez e concordo: "Se homem
engravidasse, o aborto já seria constitucional há tempos".